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domingo, 16 de maio de 2010

RESUMOS EM CONGRESSOS 2010

IV CONGRESSO INTERNACIONAL DE PSICOPATOLOGIA FUNDAMENTAL

TEMA: O AMOR E SEUS TRANSTORNOS

TÍTULO DA MESA: O AMOR ENTRE O MAL, O ÓDIO E O MASOQUISMO

TÍTULO: As intermitências do amor na psicose

RESUMO: A análise de três fragmentos clínicos que encenam a “falha no amor” característica da psicose – Schreber e as injúrias de um Deus Maligno, Aimée e a passagem ao ato e Nijinsky na deriva de amor indiferenciado –, introduz a questão das implicações do ódio na construção da paranóia. Considerando que o ódio é, para Freud, anterior ao amor e que em Lacan, está situado entre o Real e o Imaginário – no ato fundador do sujeito e no lugar do gozo do Outro –, chegamos a duas acertivas lacanianas: 1. O ódio “é o que mais se aproxima do ser” (1955) e 2. Há na psicose uma “falha no amor” (1976) que produz um “amor morto” (1956). No caso da paranóia, o amor ressurge em sua face de ódio ao instaurar a dupla perseguido-perseguidor. Laço que produz efeitos significantes dando ao ódio uma função de, mesmo sendo expressão da pulsão de morte, estar a serviço da vida (Freud;1915). É através do ódio, por meio dos significantes que situam o investimento paranóico, que o sujeito produz um discurso delirante que pode, ou não, o conduzir à estabilização.
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III CONGRESSO BRASILEIRO PSICOLOGIA CIÊNCIA E PROFISSÃO
Título da Mesa Redonda: “A Ética da Psicanálise Posta à Prova: Situações Limite"
TÍTULO: A dimensão ética da psicanálise na escuta do ódio na clínica da psicose.

RESUMO: A experiência que compete à clínica psicanalítica da psicose é permeada de inúmeras apostas que se sustentam na ética da psicanálise e no desejo do psicanalista que, ao “secretariar o alienado”, aposta que há um sujeito na psicose e, conseqüentemente, deve assumir uma posição de “não ceder diante da psicose”. Além de uma aposta no sujeito na psicose, a ética do bem-dizer deve entrelaçar e sustentar a ética do desejo que responsabiliza o sujeito e seu desejo. A clínica sustentada pela psicanálise inaugura uma via para o delírio que, ao invés de ser silenciado pela psicofarmacologia, tem lugar de fala, inaugurando, portanto, uma dimensão ética para o sujeito psicótico. Um lugar de fala inclusive para o ódio, enraizado nas modalidades do gozo do Outro, que no auge da alienação invade o sujeito encarnado e materializado no objeto persecutório que lhe deseja todo o seu mal, o seu pior. A psicanálise é posta à prova em situações limite como essa que exige uma posição ética alicerçada no estofo teórico-clínico que faça valer o sujeito e seu desejo, sustentando inclusive o ódio como possibilidade do laço social, não cedendo diante da psicose e do ódio. A partir de vinhetas clínicas pretende-se problematizar os alcances e limites éticos na clínica da psicose quando o ódio como manifestação da pulsão de morte pode também servir à vida.

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VI SIMPÓSIO do
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICANÁLISE
TEMA: Psicanálise, Universidade e Sociedade

TÍTULO: DO ÓDIO DA PSICOSE E DO LAÇO SOCIAL

RESUMO: Primeiras reflexões de um percurso de pesquisa inicial sobre as implicações do ódio na construção da paranóia na psicose, tendo como ponto de partida a noção lacaniana de Kakon (inimigo interior) explicitada em três momentos distintos de sua obra – dos crimes “imotivados” da paranóia (Lacan, 1938) à causalidade psíquica (1946) e à noção de agressividade (Lacan, 1948) – para problematizar a função do ódio, considerando a modalidade do laço social, na operação lógica da equação perseguido-perseguidor. O vetor da argumentação obedece a duas afirmações de Freud e de Lacan, sobre a anterioridade do ódio ao amor e a noção de amódio; respectivamente: “o ódio, sobretudo, conservando-se suprimido no inconsciente por ação do amor, desempenha um grande papel na patogênese da histeria e da paranoia” (Freud, 1909/1987: 137); e “(...) a psicose é uma espécie de falha no que concerne a realização daquilo que é chamado 'amor'. (Lacan, 1976:16). Essa falha, no que concerne ao amor, aponta para a linha que amarra o imaginário com o real, essa fenda do ódio, no qual não há mediatização simbólica possível que barre as figuras do mal, como os demônios, as bruxas, os feiticeiros e a malignidade de intenções e ações interpretadas assim pelo sujeito revelando um Outro sem perda, mortífero, sem Lei. Cabe ao sujeito assumir literalmente “o ódio, que é o que mais se aproxima do ser”, ao qual Lacan denomina de “ex-sistir” (Lacan, 1955/1966: 110) que se traduz pelo ódio primordial a toda alterização que implica a dialética alienação/separação. No campo dos discursos, que é o do laço social, o ódio se apresenta pelas vias da agressividade e da violência diante das figuras que encarnam o mal ou que apenas figuram índices da alteridade. Se o psicótico também é um sujeito dividido e se insere no quatros campos do discurso, o ódio no interior do laço social fornece subsídios para a construção da metáfora delirante, por viabilizar uma simbolização possível que compreende os investimentos do sujeito para dar conta da deriva atrelado a um Outro absoluto que goza dele. Pretende-se, portanto, questionar qual a relação que se pode estabelecer entre laço social e paranóia ao articular o ódio com um primeiro investimento do sujeito.

PALAVRAS-CHAVE: Paranoia, ódio, laço social

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