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sábado, 29 de novembro de 2008

Sigmund Freud

Os casos clínicos apresentados por Freud provam o valor da escuta analítica e, além disso, servem de material para a investigação do fazer psicanalítico. Em seu texto sobre o pequeno Hans (1909), temos a análise do caso de uma criança fóbica que, aos cinco anos, é tratada (escutada) por seu pai, o qual é supervisionado por Freud nessa tarefa. Há um trecho sobre esta escuta que aparece na fala da criança e que é imediatamente reconhecida e pontuada por Freud.A conversa entre o pequeno Hans e seu pai é a seguinte:Pai: “Foi por isso que você pensou, quando a mamãe estava dando o banho dela, que, se ela a soltasse, Hanna cairia na água...”Hans: “... e morreria.”Pai: “E então você ficaria sozinho com mamãe. Mas um bom menino não deseja esse tipo de coisa.”Hans: “Mas ele pode PENSAR isso.”Pai: “Mas isso não é bom.”Hans: “Se ele pensa isso, é bom de todo jeito, por que você pode escrevê-lo para o Professor.”Nesse momento, Freud abre uma nota de rodapé e escreve: “Muito bem, pequeno Hans! Eu não poderia desejar uma compreensão melhor da psicanálise por parte de nenhum adulto.”[1].

[1] FREUD, Sigmund (1909). Análise de uma fobia em um menino de cinco anos. ESB, 2ª ed., vol. X, 1987, p. 81.