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domingo, 11 de dezembro de 2011

ADULTOS BRINCANDO DE CHEFES: A (DE) FORMAÇÃO DE ALGUNS CURSOS DE PÓS-GRADUAÇÃO

Certa vez escutei, de uma experiente pesquisadora de uma Universidade do sudeste do Brasil, que ALGUNS cursos de pós-graduação mais deformavam do que formavam seus profissionais. Minha recusa a essa ideia, no primeiro momento, foi imediata.
Retrocedendo aos meus anos de graduação, à minha inquietante busca pelo conhecimento e os inúmeros conflitos advindos desta minha inquietação, penso que esta pesquisadora não está tão enganada assim. Explico-me: passei pela iniciação científica (1995-1996), pela especialização lato sensu (1999), pelo mestrado (stricto sensu) e hoje estou cursando há dois anos o doutorado. No intervalo entre a defesa de mestrado (Out/2002) e o início do meu doutorado (Ago/2009) fui docente do curso de psicologia de uma universidade, supervisora da Clínica-escola e idealizadora e coordenadora de uma especialização. Além de ser vice-líder de um Grupo de Pesquisa que já completou sua primeira década.
O leitor pode estar pensando: Do que ela está falando? O que quer dizer?
Nesse percurso todo, em busca de um processo ético de formação, uma contradição se impôs de maneira visceral. A demanda pelo debate, pelo diálogo entre pensamentos distintos, pelo estudo aprofundado e crítico, promoveram um processo concomitante de distanciamento entre os pesquisadores. Uma recusa vigorosa no estabelecimento do debate foi a marca mais imperiosa deste processo.
Escutei de alguns professores as falas frequentes de como não suportavam a sala de aula, como não preparavam suas aulas e por isso tinham que recorrer a instrumentos que ocupassem o horário da aula. Eu também me cansava com tantas aulas semanais, mas o desejo de compartilhar aquilo que eu já havia conquistado me fazia esquecer do cansaço quando entrava em sala de aula. Eu realmente levava para meus alunos uma reflexão teórica que inquietava, que angustiava e que exigia um trabalho. Mas, surpreendentemente, o conflito gerado não foi com os alunos, que durante o processo perceberam o núcleo da proposta e hoje me chamam, com carinho, de mestra.
Percebi então que os professores se incomodavam com esse trabalho, se sentiam, indiretamente, questionados em seus ofícios, pois o trabalho de um coloca em questão o trabalho do outro, uma questão que não deveria se transformar em paranoia de perseguição, mas em uma questão de elaboração e aprimoramento do trabalho de cada um. Uma impossibilidade que inviabizava um bem-dizer e nutria o mal dizer. Inviabilizando, assim, um posicionamento ético.
Aqueles que demandam um curso de pós-graduação, não só porque precisam de um título para prestar um concurso ou ter um aumento de salário, mas por que têm uma inquietação em suas pesquisas que precisam avançar e para isso necessitam de um grupo de pesquisa, de orientação e de diálogo, percebem que tanto os discentes de pós-graduação quanto os docentes se sentem frustrados, de certa forma, em suas expectativas. De um lado os discentes não se implicam nas aulas, ficam acuados, com medo e inibidos pela fantasia de que não sabem o suficiente. De outro lado os docentes, que demandam transmitir algo, ficam sozinhos nessa empreitada que deveria ser coletiva.
O pior ocorre no Maranhão, neste lugar apelidado de sarneyquistão, onde a crítica é tomada como ofensa, onde o corrupto é quem processa o cidadão, onde aquele que pesquisa, trabalha, debate, produz e orienta é posto na berlinda. No Maranhão o cargo de chefia não parece ser ocupado com o objetivo de melhor gerenciar democraticamente. Aqui o cargo de chefia vira lugar do poder fazer e legislar, como se o poder advindo de uma função fosse soberano e isento de ter que se submeter a Lei de uma sociedade.
É com pesar que assisto ao processo de deformação que alguns cursos de pós-graduação estão gestando com alguns "coordenadores" que muito se identificam com o sarneyquistão. O futuro desse tipo de gestação é que esse produto não vingue, que ele venha deformado e não possa viver, sufocado pela Lei louca de um sozinho que se pensa soberano só porque acha (delira) que tem o poder e pela falsa ideia de que seus aliados estão realmente do seu lado. Nesse mundo gerido pela mentalidade do sarneyquistão, os aliados estão do lado de quem tem o poder, são os primeiros a abandonar o barco se a Nau se mostrar mais louca do que poderosa. Já existem barcos que nunca saíram do cais, ancorados no delírio de um só.

sábado, 20 de agosto de 2011

XIII JORNADAS DE FORMAÇÕES CLÍNICAS DO CAMPO LACANIANO - FCCL/RJ - "A Clínica do Ato. "

XIII Jornadas de Formações Clínicas do Campo Lacaniano - FCCL/RJ - "A Clínica do Ato. "
Data:  25 a 27 de novembro de 2011
Hotel Novo Mundo,Praia do Flamengo,20- Rio de Janeiro/Tel 21 22869225 , Tel/fax 21 2537 1786

Atenção: Até 30/09


Estudantes de graduação : 110,00
Membros e pariticipantes de FCCL: R$ 170,00
Outros Profissionais: R$ 190,00

Nossa página no facebook: www.facebook.com/psicanaliseeclinicadoato

A CLÍNICA DO ATO

   A passagem ao ato e o acting out

 Vera Pollo
         Se partirmos da declaração de Lacan de que seus seminários obedecem a uma sequência tão rigorosa quanto as séries matemáticas, teremos de indagar por que e como o ato analítico se inscreve entre “a lógica da fantasia” e algo que passa “de um Outro ao outro.” Pode a fantasia passar ao ato? O que é uma passagem ao ato?
         Entre as inúmeras referências de Freud ao ato, ele nos dá a entender sua concepção de que o artista é aquele que consegue passar sua fantasia ao ato. Por meio do ato criativo, ele consegue compartilhar o mais íntimo de si mesmo, ou seja, aquilo que no neurótico comum apenas faz sintoma, em quem tem o dom da sublimação pode fazer obra de arte. Eis porque Freud irá comparar o sintoma conversivo com a obra de arte fracassada. Há outras referências freudianas ao ato, como sua interpretação do Niederkommen, o deixar-se cair/deixar-se parir da Jovem homossexual, no qual “o sujeito como que retorna à exclusão fundamental em que se sente.” (Lacan 1963/2005:124)
          Lacan inicia “O Seminário, livro 15: o ato analítico” com questões simples e singelas: Será que o ato analítico é a interpretação? Ou será que é o silêncio? Ora, se a interpretação é da ordem do dizer, e se o silêncio só existe como a contraparte do barulho, ou seu pano de fundo, se assim preferirmos, tanto uma pergunta como a outra assinalam de imediato que o ato não pode ser concebido fora da dimensão significante.
Diremos que, na sequência das lições do seminário, Lacan nos conduz gradativamente a definir o ato como um significante, porém não qualquer um, pois um significante que funda um fato, que se torna ele mesmo um evento, é um significante muito especial. Ao ultrapassar certo limiar do princípio do prazer, ao fazer um corte temporal, ele instaura um antes e um depois. Assim é o ato.
O sujeito não está presente no instante do ato, pois o agente do ato é paradoxalmente o objeto, ou seja, o real enquanto aquilo que cai, no sentido do que pode ser deixado para trás. Contudo, o sujeito será profundamente modificado pelo ato, ao retornar, ele próprio, como a leitura do ato.
         Desnecessário dizer que o ato não deve ser confundido com a motricidade, a ação reflexa ou o impulso. Um ato só será verdadeiramente psicanalítico se trouxer consequências. Lacan ilustra esse ponto com o poemaPor uma razão de Rimbaud. O que diz o poema? Que um toque de dedo em um tambor pode desencadear toda uma harmonia; que um pequeno passo pode levantar novos homens e pô-los a caminhar; que um meneio de cabeça é suficiente para despertar novos amores. Numa só palavra, que cessada a causa não cessam seus efeitos, porque estes vão muito além daquela.
A UNE RAISON  
Un coup de ton doigt sur le tambour décharge tous les sons et commence la nouvelle harmonie.
Un pas de toi c’est la levée des nouveaux hommes et leur marche.
Ta tête se détourne: le nouvel amour!
Ta tête se retourne: le nouvel amour! [...] Arrivée de toujours, qui t’en iras partout!
         Talvez possamos dizer que um ato é, por vezes, apenas um gesto, apesar da amplidão das suas consequências. Notamos a insistência do poeta no significante “novo” e, por fim, sua conclusão de que os efeitos do ato seguirão em diferentes direções.
Bem antes de chegar ao seminário 15, Lacan já se havia ocupado de fazer a diferença entre a passagem ao ato e o acting out. No decorrer de “O Seminário, livro 10: a angústia”, quando retornou ao caso Dora e ao de Sidonie C., a Jovem homossexual de Freud, ele observou primeiramente que o acting out está presente em ambos: seja quando Dora deixa em sua escrivaninha a carta em que ameaça se matar; seja quando Sidonie passeia com a dama de má reputação pela rua do escritório do pai. Há nas duas situações uma mensagem a ser interpretada, o endereçamento e o apelo ao Outro como gozo do aparelho significante. Por isso ele afirma que, fora da análise, o acting out é a transferência selvagem; dentro dela, o acting out corresponderia à seguinte mensagem ao analista: “você desconheceu a causa de desejo.” Não foi esta a resposta em ato do “Homem dos miolos frescos” diante da intervenção do analista que, em vez de lhe dizer “Você plagia nada”, insistia em lhe dizer “Você não plagia”?
Ainda no seminário 10, Lacan observa que o momento da passagem ao ato é o do embaraço maior do sujeito com o falo, momento em que a emoção comparece como distúrbio do movimento. No ano seguinte, ele indica que a transferência, o sujeito suposto saber, como atualização da realidade sexual do inconsciente, pode também ser dita acting out do inconsciente. Mas se a análise for levada às suas últimas consequências, se ela alcançar o ato analítico, como passagem de analisando a analista, o analista se transformará em resíduo, dejeto, coisa rejeitada. Numa só palavra, em objeto a. Objeto cuja função, na lógica da fantasia, era a de suprir a ausência do ato sexual como relação do homem com a mulher, enquanto relação de Um com o Outro.
Ao acting out transferencial do analisante, é preciso que, do lado do analista, corresponda o ato psicanalítico. Corresponda-lhe como o quê? Primeiramente como ato de autorizar-se por si mesmo, mas também como o ato de restaurar com outros a função desse sujeito suposto saber que o conduziu até o passe, mudança de lugar e, consequentemente, de discurso, e nele se desfez. “O psicanalisando, no início, pega seu bastão, carrega seu alforge, para ir ao encontro, à entrevista com o sujeito suposto saber.” O ato psicanalítico apresenta-se como uma incitação ao saber. Instaura-se uma experiência a ser feita de surpresas, sucessivos cortes, reitera-se a castração, a própria tarefa analítica se reitera. Há um efeito topológico que permite dizer que, somente no ato, o sujeito é idêntico a seu significante.

Comissão Científica:
Coordenação: Vera Pollo.
Gloria Sadala, Elisabeth Rocha Miranda, Georgina Cerquise, Sonia Borges, Rosane Melo, Consuelo Pereira de Almeida.
Comissão de Organização:
Coordenação: Sheila Abramovitch e Gloria Justo.
Yara Lemos, Ana Maria Magalhães, Denise Dupim, Gloria Nunes, Elvina Maciel, Geisa Freitas.

Temas:
1. O ato analítico e a metonímia do desejo.
2. Ato analítico: “um saber enquanto verdade”.
3. Interpretação, dito e semi dizer.
4. A função interpretativa da pontuação,
    da alusão e do corte da sessão.
5. Ato analítico e momento de concluir.
6. Ato analítico, destituição subjetiva e travessia
    da fantasia.
7. Ato analítico, significado e efeitos de sentido.
8. Fim de análise e destituição do
    sujeito-suposto-saber.

Subtemas:
1. Ato psicanalítico e ato poético.
2. Passagem ao ato e acting out.
3. Repetição e ato.
4. A fúria obsessiva
e o ataque histérico.
5. Ato suicida.
6. Ato homicida.

Normas para apresentação dos trabalhos
Lembramos àqueles que desejam apresentar trabalho que só serão selecionados os argumentos das pessoas previamente inscritas nas Jornadas. Os resumos de no mínimo 25 linhas deverão ser enviados para o e-mail secretaria@fcclrio.org.br, até o dia 02 de setembro de 2011. É importante não esquecer que o nome do autor não deve vir junto ao resumo, mas em folha separada, da qual constam apenas o título do trabalho e o nome do autor e-mail  e telefone para contato. A divulgação dos trabalhos selecionados será feita no dia 30 de setembro na sede da instituição e na rede eletrônica de FCCL-Rio. Os trabalhos finalizados deverão ser enviados completos até o dia 31 de outubro, com o número máximo de 07 páginas, incluindo bibliografia; letra Times New Roman, corpo 12, espaço duplo.

Datas e valores para inscrições


Até 30/09


estudante de graduação  110,00
membro e participante - 170,00
profissional - 190,00


Até  15/11


estudante de graduação 130,00
membro e participante - 190,00
profissional - 210,00


No local


estudante de graduação - 160,00
membro e participante - 220,00
profissional - 250,00


Ficha de inscrição:


Nome completo:----------------------------------------------------------------------------
Nome para o crachá: ----------------------------------------------------------------------
Endereço: ------------------------------------------------------------------------------------
    CEP:--------------------- Cidade:---------------------------------------Estado:  UF:------
Tel.:________________________Cel.:________________________________
E-mail:__________________________________________________________

Obs:


*Vagas limitadas para estudantes de graduação.
**Parcelamento em duas vezes c/ cheques pré-datados
***Desistência c/ devolução de 80% do valor pago até 15/10/2011.

Informações


Sede da FCCL Rio de Janeiro (Célia da Silva)
Rua Goethe 66 - Botafogo
secretaria@fcclrio.org.br
Telefone: (21) 2537-1786  /  2286-9225


Inscrições e formas de pagamento
Sede de FCCL-Rio (endereço acima) ou depósito bancário identificado em nome de:
Formações Clínicas do Campo Lacaniano-RJ
Banco Itaú - agência 8598 C/C 06617-6
Informamos que as inscrições realizadas por depósito em conta bancária precisam ser confirmadas por via e-mail.
Enviar comprovante do depósito para a sede de FCCL-RJ

segunda-feira, 9 de maio de 2011

II ENCONTRO DE ESTUDOS CULTURAIS


IIº Encontro de Estudos Culturais, promovido pelo CRISOL - Grupo de Pesquisas e Estudos Culturais (PGCult/UFMA), é o resultado do aprofundamento dos debates realizados em três eventos anteriores: São Luis (2006), Belém (2007) e, em 2008, ocorreu o I° Encontro de Estudos Culturais que ampliou sobremaneira o alcance desses debates. Foram dois dias que contaram com apresentações de pesquisadores e professores locais e de renome regional e nacional, e comunicações de jovens pesquisadores vinculados ao CRISOL e ao LAPSU.
Nesta segunda edição o objetivo é priorizar as produções dos membros do Grupo de Pesquisa e promover seu diálogo com profissionais locais. Será um evento preparatório para o III Encontro no qual haverá um intercâmbio mais amplo com outros Grupos de Pesquisa das Universidades de Pernambuco, Rio de janeiro e São Paulo.
É com este espírito inter e transdisciplinar que convidamos a todos os que se sentirem implicados a participar de nosso laboratório e de nossa plenária ao final do evento para construirmos juntos uma produção acadêmica consistente que qualifique nossos eventos, nossos trabalhos e crie um locus de trabalho, intercâmbio e produção do conhecimento.
Estão todos convidados!

sábado, 26 de fevereiro de 2011

CISNE NEGRO OU UM CISNE À DERIVA?

O filme dirigido por Darren Aronofsky com o título original em inglês Black Swan (2010) catalogado no gênero do suspense intriga por sua crítica contundente ao paradoxo mais inusitado que o mundo do capitalismo pós-industrial pode nos levar; a arte pode levar o sujeito à loucura, ela pode virar objeto a ser consumido. Ela pode perder sua função simbólica, despir-se de sua potência criadora e conduzir o sujeito à morte.
Por que falarmos de paradoxo? Aqueles que apreciam a boa literatura, os bons filmes, belas pinturas, esculturas inquietantes e possuem uma leitura mais aberta à psicanálise, antropologia e crítica literária estão familiarizados com a vida e a obra de artistas como Antoine Artaud, James Joyce, Camille Claudel, Vaslav Nijinsky e tantos outros que fizeram da arte sua suplência para não sucumbir à deriva psicótica. A arte nesses casos tinha a função de contorno simbólico e organizador por produzir uma função e um lugar para o sujeito na cena que rege o laço social.
No caso de Nina, interpretada pela excelente atriz Natalie Portman, sua busca pela perfeição técnica, seu empenho para fazer valer a decisão de sua mãe de lhe dar a vida e abandonar seus próprios sonhos, fez de seu desejo a demanda por ser em conformidade ao desejo do Outro Materno, a única face de sua platéia.
O sexo é traumático, nos dizia Freud. O sexo possui uma dimensão diabólica, nos diz Freud, há algo obscuro, não simbolizado, negro (sem luz) em nosso acontecer psíquico que instaura uma inquietante estranheza (Lo Ominoso – Das Unheimliche), como uma marca da alteridade entranhada em nossa constituição subjetiva. Numa dialética própria à alienação e à separação, como processos interligados, um desejo é tecido. Para simbolizar é preciso desejar, é preciso ocupar uma posição de sujeito.
O cisne branco cai para a morte, cai como objeto que denuncia a impossibilidade do sujeito sustentar uma posição objetalizada para o Desejo Materno. Mas, Nina cai junto, fere sua carne no real, ela não encena, ela vai ao ato. Ela vive, ao pé da letra, os mandamentos do diretor da companhia. Ela passa da palavra ao ato e não da palavra à cena.
É aqui que o paradoxo estatela-se em cena no filme, uma crítica feroz que denuncia que a arte, no caso a dança, o balé, pode sucumbir ao consumo, à desumanização, a carência completa de simbolização, à vivência invasora de um imaginário super-real que permite à pulsão de morte governar sem cumprir seu melhor papel quando está a serviço da vida, qual seja: o ato criativo.
Nina entregue ao imaginário que duela a pureza de uma menina meiga contra o escândalo diabólico do sexo, do desejo e do mal, ocupa o lugar daquela que não deseja, da frigida menina meiga, objeto assujeitado. Sem direito à palavra, sem ter com quem falar, na ausência de uma escuta que lhe faça tomar a palavra para se recriar como sujeito, Nina faz sua travessia pelo imaginário, por cenas sem palavras, cenas sem mediação simbólica e por isso sucumbe, se oferece em sacrifício como objeto esculpido para perfeição, mármore fraturado. É só aí, na morte, que ela pôde ser sujeito. E é assim, também, que muitos psicóticos fazem sua última tentativa de sair do lugar de objeto em conformidade ao desejo do Outro, a única forma de produzir uma separação, uma barra à invasão mortificante.
Em Crise da Cultura, Hannah Arendt nos diz que “a atitude do consumo, condena à ruína tudo o que toca”, já Lipovetsky conclui que a era do consumo instaura a “Era do Vazio”. Poderíamos então pensar que o consumo esvazia o simbólico tornando o imaginário oco, vazio, arruinado, desprovido de sustentação para tantas outras suplências...
por Adriana Cajado Costa