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segunda-feira, 20 de julho de 2009

O SABER DELIRANTE


"Con estas precisiones observamos un cortocircuito ya que, al poner el delirio en el lugar del S2 -es decir, del saber-, nos muestra que todo saber es delirio y el delirio es un saber. Escuchando lo que afirma Lacan sobre lo interesante de la invención de saber, el psicótico se presentaría como el delirante que no retrocede ante la elaboración de saber (recuerden, por otra parte, que también dice que el analista no debe retroceder ante el psicótico), con el elemento de delirio que hay siempre en esta invención. (...) El señor Bunge, por ejemplo, piensa que Freud era un delirante. Hay asimismo muchas cosas delirantes en Newton, quien le dedicaba más tiempo a la alquimia que a las matemáticas y se apasionaba descifrando el libro de Daniel y el Apocalipsis en la Biblia.(...) Y es que era un hombre del siglo XVII, que se apasionaba descifrando el significante de la Biblia para conocer el futuro. Sin duda siempre hay algún riesgo en la ciencia, dado que puede ser un delirio".

segunda-feira, 13 de julho de 2009

MENSAGEM AOS FORMANDOS DE PSICOLOGIA


“O que a Psicanálise nos ensina, como ensiná-lo?” É a pergunta que S. Freud e Jacques Lacan se fazem sobre o ensino deste saber. Essa foi também a pergunta que sempre me fiz ao entrar na sala de aula. Como ensinar psicanálise aqui, na Universidade, no curso de Psicologia, num terreno paradigmático e epistemologicamente tão distinto? É certo que fazemos uma diferença grande entre ensino e transmissão, tanto quanto entre saber e conhecimento. É certo também que a formação referente à Psicanálise se dá alhures.
O que ensinar no que se refere à Psicanálise, em uma sala de aula no curso de Psicologia? Escolhi o caminho aberto para mim por minha análise pessoal. Deixar que minha paixão e meu desejo tivessem lugar na minha função de professor. Escolhi, para sustentar essa função, ter prazer ao desempenhá-la. Mas devemos ser éticos para não cair na sedução e na aliança desonesta que empobrece o ensino e inviabiliza toda e qualquer transmissão.
Fiz ainda outra escolha. Uma escolha que vai contra nossos narcisismos. Escolhi sustentar uma posição rigorosa e singular. Meu objetivo era alcançar um trabalho teórico e abrir mão de ser reconhecida pessoalmente, como pessoa “legal” e “boazinha”, pois sabemos dos ganhos secundários desses sintomas.
Inicialmente, por ser muito firme e incisiva fui apelidada de “professora brava”. Sei que despertei em muitos de vocês muita angústia e, como conseqüência, a raiva inerente que todo sujeito vive em relação ao objeto que lhe nega o acesso fácil ao prazer.
As aulas prosseguiram e uma mudança de olhar e posição foi abrindo espaço para o estudo/trabalho em lugar da angústia. Da angústia do não saber, veio o desejo de saber. Desejo esse que encenou uma busca singular em cada aluno. Recebi, então, um novo apelido “amor de transferência”. Bem, não preciso explicá-lo. É necessário apenas frisar que como toda transferência a relação não é serena e tranqüila e os afetos proliferam em sua extensão, o que estimula a nós, professores, uma busca por um manejo possível que desperte no sujeito, a partir de uma oferta, o desejo de seguir em frente, em direção à sua verdade que pode e deve ser distinta do desejo que habita a função de professor.
Estava preocupada não só em ensinar uma teoria, mas transmitir algo que é atravessado por ela, mas que evoca um saber, um saber que não é a soma de conhecimentos, um saber que recupera o sujeito em sua dimensão ética e política. Tentei ensinar um conhecimento e atravessá-lo com a transmissão singular de uma experiência.
Piera Aulagnier diz que “viver é experimentar de maneira contínua uma situação de encontro”. Por encontro ela entende uma relação entre duas singularidades que inscrevem algo para além das aparências. Uma relação que, em nossas aulas, explicitavam uma dinâmica complicada por encenar uma resistência e ao mesmo tempo um encontro profícuo.
Entretanto, outros desencontros não viabilizaram nosso encontro. No momento no qual vocês decidiram me incluir nessa festa, estava eu implicada em minha formação permanente. Há algo aqui bom de ser pontuado. No momento que a turma se forma, ou seja, inicia um caminho na Psicologia enquanto profissão, a professora de vocês se coloca no lugar de estudante.
Minha saída da Instituição para ir buscar continuidade da minha formação por meio de um Doutorado, me colocou em distância no espaço e no tempo, mas espero que signifique algo que sempre tentei transmitir a todos. Nossa formação é permanente, nunca estamos prontos e formados.
Mas algo mais impediu o nosso encontro, além das datas, pois desde o dia 06 de julho estou com atividades no Rio, a semana anterior a minha partida foi marcada por tudo aquilo que aprendemos com a Psicanálise. Somos barrados por uma Lei, não somos TODOS, inteiros e nem perfeitos. Adoeci e fiquei de cama com uma terrível virose na semana da minha viagem. Eu não pude me despedir, mas talvez seja um desejo de não dizer adeus, um desejo de dizer que estou aqui por perto e que podem contar comigo nessa caminhada em busca de uma formação permanente, ética e honesta.

Sucesso a todos!
Agradeço o reconhecimento.

Com carinho,
Adriana Cajado Costa

Rio, 14 de Julho de 2009